50 coisas que traduzem o que é ser carioca.........
Bem, esse foi o texto que recebi de minha amiga blogueira Vivi, mas
como iria ficar muito longo, resolvi fazer uma seleção e coloco aqui :
25 coisas que traduzem o que é ser carioca.........
1 - TOMAR UM CAFEZINHO NO BALCÃO
A gente ama café e recebe de braços aberto novidades com laivos de
baunilha ou musgo, próprias para degustação. Mas cafezinho tem de ser
tomado em balcão de botequim, em xícaras de louça grossas como as do
Lamas. Frescura é
bom e a gente gosta - mas na hora do cafezinho, não. No máximo, um pingado
com leite...
2 - IR AO MARACANÃ
Arrastão, briga, flanelinha, calor senegalês: nada disso parece importar.
Quando se trata do maior estádio de futebol do mundo, carioca de verdade
deixa a razão de lado, segura na mão de Deus e vai - nem que seja uma vez
só. A vibração da galera (descrita sempre como indescritível) transformou
o Maracanã num ícone urbano. Mas atenção, só vale se for para ver futebol.
Papai Noel, Madonna, Tina Turner, Papa e tais não contam.
3 - COMBINAR UM PROGRAMA SEM A MENOR INTENÇÃO DE CUMPRIR
Atire a primeira pedra quem nunca mandou um "vamos nos falar amanhã para
marcar aquele jantar" ou um "Passa lá em casa para um café" sem estar
exatamente torcendo pela concretização do programa. O pessoal de fora
odeia - e até está certo. "A gente se vê".
4 - Passar horas na fila para comprar ingressos com antecedência para o
"Festival do Rio". Parece coisa de paulista (ou mineiro, baiano, paraense,
pernambucano...Gente que se programa com alguma antecedência, enfim). A
diferença é que,
mesmo depois do sufoco, o carioca pode desistir de ver o filme na hora:
Ah, fui à praia e acabou me batendo uma preguiça..."
5 - ESBARRAR EM UMA CELEBRIDADE E NEM LIGAR
O Rio em si é uma estrela que sempre atraiu estrelas. Por que, então,
ficar todo serelepe quando o Chico Buarque adentra o restaurante? Ou a
Malu Mader? Ou o Romário? Até porque nove entre dez celebridades nacionais
vivem aqui. Ah, quem apenas finge que não está nem aí ainda tem muito chão
a percorrer até atingir a genuína carioquice.
6 - INCORPORAR GÍRIAS DA MALANDRAGEM
"Perdeu", "já é", "é nóis", "vaza". Os puristas de-tes-tam, não sem razão,
mas... Perdeu: a gíria carioca que dribla a concordância, nasce nas ruas,
com a malandragem. A democracia em versão carioca faz com que os filhos
das melhores famílias se sirvam das gírias bandidas sem pudor. Um "vaza"
aqui e um "já é" ali violam o vocabulário da turma. Depois, o resto do
Brasil imita.
7 - COMER UM PODRÃO DE MADRUGADA
Sabe de alguém que morreu depois de comer um cachorro-quente com queijo
parmesão, milho, ervilha, cebola, batata-palha, passas e ovo-de-codorna?
Pois é. Podrão é ótimo, especialmente em madrugada de muita gandaia e
pouca
grana. Carioca chama o dono das kombis que o vendem pelo apelido e vive
atrás de novidades na baixa gastronomia urbana, que é extensíssima.
8 - TER UMA PRAIA
Como não ter uma praia no Rio? São muitas e são lindas, mas cada um elege
a sua, e defende com unhas e dentes as qualidades superiores que ela tem.
O povo do Pepe, por exemplo, não vai à praia em Ipanema jamais.
PS: Como a minha praia é o Posto 9, coloco aqui no mesmo item: APLAUDIR O
PÔR-DO-SOL NO POSTO 9
Este é um mico do qual, há décadas, não dá para escapar. Mas, sejamos
parciais: é dis micos mais simpáticos que há, e a cara do verão no Rio.
Confessa, vai: em algum momento da sua vida você já aplaudiu o Sol no 9 -
nem que tenha sido com a desculpa de acompanhar a galera.
9 - GARIMPAR NA SAARA
Precisa ter fôlego para percorrer vielas quentes, apertadas, lotadas de
consumidores ávidos, entre a rua Uruguaiana e o Campo de Santana, no
Centro. Horas depois volta-se para casa com sacolas e sacolas cheias de
flores de plástico, camisas costuradas em 1974, anáguas que viram saias,
cortinas de plástico para banheiro, tapetes de grama artificial etc etc
etc. Tudo por uns R$50, no máximo.
10 - DAR A VOLTA NO FLANELINHA
É um rito de passagem fundamental, pois nada se compara à felicidade de
arrancar com o carro sem perder suados tostões para os marmanjos que
loteiam as ruas. Se ajudassem, ok. Se prevenissem assaltos, melhor. Mas é
só dar as costas que os caras somem. Dar a volta no flanelinha funciona
como terapia e um ritual de iniciação para quem quer ostentar o título de
carioca.
11 - LEVAR UMA CANTADA DE UM OPERÁRIO DE OBRA
Essa é para as mulheres: a cidade tem muitos canteiros de obras, os
rapazes trabalham entre parceiros do mesmo sexo, o calor é grande... sabe
como é. Levar uma cantada deles é tão comum que chega a ser frustrante
jamais ter ouvido um "Você é a nora que mamãe pediu a Deus" - isso nos
casos mais elegantes, claro.
12 - IGNORAR OS PANFLETEIROS
É como dar a volta no flanelinha, mas com culpa, muita culpa - afinal o
cara esta trabalhando, e passar o dia em pé distribuindo papeizinhos na
calçada não deve ser mole. A questão é que carioca não tem tanta jóia para
atender
aos reclames de "Compro Ouro" nem está tão a perigo a ponto de acreditar
nos panfletos de "trago a pessoa amada em três dias". CHEGA!
13 - SE PERDER A CAMINHO DE BARRA DE GUARATIBA
Os amigos fazem mapas e dão referências, mas quem vai pela primeira vez a
um restaurante por lá acaba se perdendo - seja porque esqueceu de virar na
placa de "vendo mel" ou porque se encantou com a paisagem.
14 - TER A SUA LOJA DE SUCOS PREFERIDA
Não, não são todas iguais. Nem os sucos são sequer parecidos. Tem aquelas
onde o de manga, por exemplo, vem mais ralo. Tem outras onde, por mais que
se peça o contrário, a bebida vem com açúcar. Tem as caras e as baratas;
as
limpinhas e as sujas. Não interessa; cheias de personalidade, as lojas de
suco são todas diferentes. Descobrir qual é a sua é um exercício de
cidadania carioca.
15 - SONHAR COM O DIA QUE O METRÔ VAI CHEGAR À ZONA SUL E À BARRA
Precisa explicar por quê?
16 - TER BOAS LEMBRANÇAS DO TEMPO EM QUE O MATE E O LIMÃO SÓ ERAM VENDIDOS
EM GALÕES DE ALUMÍNIO
"Olha o mate, olha o limão!" Carioca de verdade não esquece o grito da
legião de ambulantes que equilibrava os barris nos ombros e servia os
refrescos em cones de papel.
17 - ALMOÇAR SALGADO E REFRESCO A R$1
Sabe aquele papo de "não tenho tempo pra nada"? Pois é a melhor desculpa
para saborear - é, saborear! - a onipresente promoção do "salgado e
refresco a R$1". Nada melhor do que uma boa desculpa para cair de boca na
junk food à
carioca. A tal promoção está em todos os botequins, em todos os bairros.
Escolha a sua e boa sorte. (adendo, os gringos amam né?)
18 - IMPLICAR COM OS PAULISTAS
Por causa do "cinqüêêêinta", dos "vou estar ligando", dos "então", dos
"mano" e das "mina". Por causa dos erres e dos esses. Por causa da mania
de trabalho. Por causa da Hebe e do Maluf. Por causa das marginais, das
enchentes, dos "engarrafamêintos", do Ô LOCO MEU... (Eu posso escrever
isso morei 4 anos lá e morro de paixão por Sampa, mas que temos que
implicar, temos!)
19 - INVEJAR O VIGOR DA VIDA CULTURAL DOS PAULISTAS
Por causa da bienal, das exposições da Oca, do Masp, da sala de concertos
da Estação Julio Prestes, da Pinacoteca do Estado. Por causa das boites de
gente moderna, das bandas modernas, dos bares modernos, da Semana de Arte
Moderna de 1922.(temos que reconhecer…)
20 - IR A UM ENSAIO DE ESCOLA DE SAMBA
Não precisa ter ido ao Sambódromo. Prometer para si mesmo que vai
conhecer, um dia, já é suficiente. Mas ensaio de escola de samba, na
quadra, com amigos e muita cerveja gelada, cercado pelo pessoal da
comunidade... Ah, isso é essencial.(meu gringo ficou encantado, filmou
tudo e ainda mostrou pra galera aqui, resumindo, virou fã!)
21 - COMPRAR O BISCOITO GLOBO NO ENGARRAFAMENTO
No resto do país, o povo gosta de dizer que o carioca não trabalha. Lenda,
lendíssima: carioca trabalha muito! E faz milhões de coisas ao mesmo tempo
- inclusive aproveitar sinal fechado para comprar Biscoito Globo. Ou
aqueles
canudinhos, dá (quase) no mesmo.
22 - TER CERTEZA DE QUE O RIO É A CIDADE MAIS LINDA DO MUNDO MESMO QUE NÃO
CONHEÇA NENHUMA OUTRA
Alguma dúvida?
23 - TER ALGUMA COISA, QUALQUER COISA, COMPRADA NUM CAMELÔ DA SETE DE
SETEMBRO OU DA URUGUAIANA
É errado? É. Incentiva a economia informal? Incentiva. Mas, da mesma forma
que os nova-iorquinos compram suas meias nas ruas, os cariocas adoram
assuntar os camelôs. Tem sempre uma novidade, de canetinhas transadas ao
DVD que acabou de um filme que acabo de estrear.
24 - SABER QUE...
O Metropolitan se chama Claro Hall ... A Rua Vinícius de Morais se chama
Montenegro .... Copacabana é Copa e Ipanema não é Ipa .... O Baixo Leblon
não é perto do Melt .... O Circo Voador nunca mais será o mesmo .... Praia
não é orla
25 - ODIAR...
... Dia de chuva ... Cinema tradicional dividido em salinhas menores ....
Cartaz de farmácia tampando a fachada de prédios antigos .... Praia suja
.... Cerveja quente e, claro,Sinal fechado.
Porque, apesar de tudo (e bota tudo nisso) o Rio ainda é o Rio.
Claro que tem muita coisa linda pra falar ou escrever sobre o Rio, mas vou
colocar só umas fotinhos. Afinal, imagem vale mais que mil palavras!
Praia de Ipanema
Copacabana
Vista do Rio
Serra de Petrópolis e Teresópolis